Criopreservação: Banco Português de Germoplasma Vegetal inova na conservação dos recursos genéticos nacionais
(Octávio Serra e Isabel Silva)
O Banco Português de Germoplasma Vegetal (BPGV) centra a sua atividade na colheita, conservação, caracterização e valorização dos recursos genéticos vegetais endógenos.
Um dos métodos de conservação ex-situ convencionais mais utilizado a nível global é baseado na guarda de sementes em câmaras de frio, de modo a prolongar a sua viabilidade pelo máximo de tempo possível. Esta estratégia de conservação de longo prazo, apesar de ser aquela que tem maior expressão na maioria dos bancos de germoplasma, não permite a conservação da totalidade das espécies, principalmente porque: (1) Algumas espécies produzem sementes recalcitrantes que não sobrevivem ao protocolo de conservação ou (2) Algumas espécies, no seu ambiente natural, são propagadas por via vegetativa e, dessa forma, terão de ser conservadas por via clonal e não por via seminal, o que comumente se traduz na sua manutenção em coleções de campo.
De modo a preencher esta lacuna de conservação de longo prazo para as espécies que não podem ser conservadas por via convencional, o BPGV iniciou recentemente uma nova linha de investigação na área da criopreservação. A criopreservação é uma técnica que permite suspender o metabolismo celular num ambiente de temperaturas extremamente baixas (-196oC), recorrendo para isso a azoto líquido. Apesar da sua vantagem no que diz respeito ao longo período de conservação com baixa manutenção, é uma técnica que implica um período inicial de grande investimento e investigação para criar protocolos que são sempre exclusivos para cada espécie e, por vezes, exclusivos para cada genótipo.
Esta nova estratégia de conservação já está a ser usada no BPGV para espécies selecionadas e vai permitir a criação de um criobanco nacional que salvaguarde todos os recursos genéticos vegetais que, estando conservados em campo e expostos aos fatores ambientais, correm o risco de se perder.