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Rena Martins FariasRena Martins Farias nasceu a 6 de Maio de 1934 na cidade de S. Salvador da Baía, Brasil.

Faleceu a 16 de agosto de 2021 na cidade de Braga, Portugal, na cidade que ela tanto amou.

Cidadã do mundo, estudou em dois continentes: Licenciatura em História Natural na Bahia em 1957, Mestrado e Doutoramento em Conservação e Utilização dos Recursos Genéticos, conferidos pela Universidade de Birmingham - Reino Unido, em 1970 e 1976 respetivamente.

Trabalhou em três continentes: Americano, Africano e Europeu, realizando missões de colheita de Recursos Genéticos Vegetais como consultora da FAO e, posteriormente, já como membro do corpo científico do INIA.

Como consultora da FAO, e dentro do programa para o Mediterrâneo, realizou missões de colheita de cereais e leguminosas grão em Portugal e em Espanha.

 Sob a égide do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) e do Centro Internacional de Mejoramiento de Maiz Y Trigo (CIMMYT) fez colheitas em países como, a Turquia, Tunísia, Chipre e Marrocos.

No período entre 1977 e 2004, realizou um total de 68 missões de colheita de Recursos Genéticos de cereais, leguminosas grão, pastagens e forragens, hortícolas, fibras e plantas aromáticas e medicinais, abrangendo cultivares tradicionais e espécies silvestres.

Acompanhou diversas missões de colheita conjunta de técnicos de outros países, em Portugal, designadamente, Japão e Estados Unidos da América.

O que fez foi com amor e entrega. Desenvolveu um esforço abnegado, persistente e empenhado na salvaguarda do património vegetal de Portugal.

No País foi pioneira nesta área do conhecimento conseguindo, ao fim de duas décadas, concretizar o sonho de, no país adotivo, fundar o Banco Português de Germoplasma Vegetal.

Falar do trabalho da Doutora Rena Martins Farias é falar dela, na medida em que:

  • Ela é os milhares de sementes que colheu e conservou, ao longo de 27 anos.
  • Ela é o conhecimento associado a essas sementes e aos sistemas agrícolas, que produziram essas sementes.
  • Ela é o Banco Português de Germoplasma Vegetal, com todo o seu vasto acervo de espécies cultivadas e silvestres e que se encontram conservados em câmaras de frio, in-vitro e em colecções, de campo.
  • Ela é a formação dos técnicos e agricultores sobre a Conservação e Utilização dos Recursos Genéticos Vegetais, já que deu formação para técnicos de todo o país e dos Países de Língua Oficial Portuguesa.

Recebeu dezenas de alunos de fim de licenciatura e mestrado. Lecionou em diversas licenciaturas e pós-graduações, na área de Biologia e Agronomia.

  • Ela é a projeção do trabalho científico do BPGV no contexto europeu e mundial, através das relações de investigação que foram desenvolvidas com instituições congéneres.

O legado científico da Doutora Rena Farias é, sobretudo, na área da colheita e Conservação dos Recursos Genéticos, associado ao valor da metodologia e filosofia subjacentes à sua prática, de valor científico atual e, no futuro, de inegável importância.

As gerações de técnicos que formou e influenciou constituem uma garantia para o desenvolvimento sustentável do País.

Numa nova visão da Agricultura, os técnicos agrícolas perceberam a importância do ambiente e conservação da biodiversidade e os ambientalistas aperceberam-se do contributo da agricultura para um melhor ambiente e conservação da biodiversidade.

O que a Doutora Rena Farias fez, mais ninguém fez, nem poderá fazer, porque a maioria do material genético por ela colhido e conservado, simplesmente, já não existe. Nem em cultivo, nem na Natureza.