Era uma vez um investigador português que estava preocupado com a sobrevivência da casta Vital. Em tese desenvolveria esforços para a plantar cá, mas teve outra ideia: mandá-la para a Croácia. Esquisito?
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Ora, como tínhamos prometido num artigo publicado no Terroir sobre a casta Vital (Beber vinhos de Vital faz bem ao gosto e à biodiversidade), vamos lá explicar por que razão alguém se lembrou de plantar no concelho de Alenquer seis castas croatas e, em simultâneo, enviar para a Croácia outras tantas variedades portuguesas.
Eiras Dias é uma referência da ampelografia em Portugal. Como investigador do Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária (INIAV), representou o país em fóruns internacionais para a defesa e promoção da biodiversidade da videira. De fórum em fórum fez amizade com camaradas de ofício, entre eles o professor Edi Maletic, da Universidade de Zagreb, em parte porque ambos têm paixão pelas chamadas castas minoritárias – castas que foram abandonadas porque a globalização e a agricultura científica só se interessam por produtividades e padronizações (se o mundo gosta de Chardonnay ou Cabernet Sauvigon, pois até no Alasca se plantam essas castas).
Entre as castas portuguesas que corriam o risco de desaparecer estava a difícil Vital, que é património da região de Lisboa, em particular dos arredores de Serra de Montejunto. Hoje, já há viticultores a instalar Vital, mas há meia dúzia de anos o cenário apontava para a extinção da variedade. E foi então que a Eiras Dias ficou com duas perguntas no juízo: “Que outra região europeia teria condições edafoclimáticas próximas das nossas e onde, em consequência, pudéssemos instalar a Vital para ver o que dava? E quem é que eu conheço que alinharia nesta aventura?” Para a primeira pergunta saiu uma região montanhosa e calcária da Croácia e para a segunda o professor Maletic. […]
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